A cidade mais populosa da região é destaque em um terceiro estudo sobre Atratividade dos Municípios. Lajeado ficou na 16ª posição no RS. A análise do mercado imobiliário foi realizada pelo Departamento de Economia e Estatística do Secovi/RS.
Conforme o sindicato da habitação, a pesquisa foi inspirada em um outro estudo idealizado pela consultoria Prospecta Inteligência Imobiliária e divulgado pela revista Exame, e cujo principal objetivo é identificar o potencial de investimento imobiliário no RS.
Caxias do Sul foi considerada a cidade mais atraente e com maior potencialidade para negócios referentes a imóveis de alto, médio e baixo padrão. Canoas, Pelotas, Santa Maria e Novo Hamburgo completam a lista das cinco primeiras.
Lajeado aparece na 16ª posição, com maio potencial para imóveis de médio e baixo padrão, mas também com boas condições atrativas para empreendimentos de alto padrão (veja tabela completa ao lado).
Sem surpresa
Um dos proprietários da Construtora Diamond, Gustavo Schmidt, não demonstra surpresa diante da boa colocação. “Claro que é bom uma pesquisa constatar isso, mas não me surpreende. Nos últimos anos, somos referência. Somos uma cidade com grandes atrativos, como universidade, polo rodoviário do Vale, uma diversidade muito grande de serviços e indústrias, referência hospitalar. Essa soma de fatores deixa Lajeado ainda mais valorizada.”
Para ele, o resultado do estudo, apontando maior potencial para empreendimentos de médio e baixo padrão, trata de uma proporção verificada na grande maioria dos municípios gaúchos e brasileiros. “É o mercado que regula isso, e a demanda pede isso. Temos imóveis de alto padrão, mas em qualquer lugar seria essa a proporção. Mas, nos últimos anos, estamos nos destacando cada vez mais no alto padrão,” sustenta o empresário.
Gerente da Construtora Lyall, Roberto Lucchese, tem posição semelhante. Segundo ele, Lajeado é destaque e tem maior potencial para imóveis de médio e alto padrão, principalmente devido à concentração de proprietários de grandes empresas morando na cidade. Entretanto, e após a crise enfrentada pelo setor, ele aposta que o grande foco do mercado imobiliário para os próximos anos serão os empreendimentos médios.
“A baixa liquidez do imóvel de alto padrão e o custo de manutenção acabaram gerando essa sensação. E o estilo de vida está mudando. As pessoas buscam, além do imóvel, outros fatores para agregar. O lazer está em espaços coletivos. Se vende muito mais casas de 150 metros quadrados do que de 400, mesmo se o cliente tem condições para construir uma de 400”, comenta.
Formação
O destaque regional no segmento gera outros empreendimentos. Entre esses, está o curso técnico em Transações Imobiliárias da Univates, coordenado pela professora Mara Ahlert. Desde 2014, mais de 30 profissionais se formaram e hoje atuam como corretores ou em outras áreas ligadas à construção civil.
Para Mara, uma série de fatores coloca Lajeado como destaque estadual. “Estamos em um polo próximo da capital e de outras grandes cidades. Nossa localização é estratégica. E também temos segmentos muito grandes. Calçadista, de alimentos, além de muita circulação e muitas opções. Isso reflete no ramo imobiliário. Aqui a desvalorização de imóveis praticamente inexiste.”
Ponta de baixo
Na última colocação entre todos os 38 municípios do Vale do Taquari, e na 446ª colocação geral entre todas as cidades gaúchas, Sério têm dificuldades para potencializar o ramo imobiliário local. Para o secretário de Administração e Planejamento, Vagner Capoani, a pouca demanda está relacionada às características daquela comunidade.
“É um município de pequeno porte, com apenas duas construtoras fortes. Agora estão saindo novas casas geminadas. Mas no geral é pouco. Muito em função dessa especulação da crise, quando o pessoal que queria construir segurou o dinheiro, mas muito pela característica da população. São 44% de idosos, e os mais novos procuram outras cidades. O nosso maior desafio é manter as pessoas aqui”, resume o agente público.
Detalhes do estudo
A análise do Secovi avalia o mercado imobiliário com um enfoque no comportamento dos municípios com o foco na demanda. O sindicato trabalha com 15 variáveis sociodemográficas e econômicas relacionadas ao objetivo do estudo, e utilizadas para o cálculo do índice de potencial imobiliário de cada município.
Para o presidente do Secovi, Moacyr Schukster, muitos componentes do estudo estão mais afeitos à ação municipal. “A quantidade de empregos aumentará pela atração de novos estabelecimentos, especialmente aqueles que propiciem empregos para pessoas entre 20 e 49 anos. Aos municípios bem colocados corresponderá esforços para se manter na posição enquanto os que não se encontram tão bem situados carecem de empenho intensificado.”
O estudo considera a quantidade de domicílios por faixa de renda de cada município, classificadas mediante o nível de investimento (forte, médio e fraco) para o respectivo padrão dos imóveis (alto, médio e baixo). Nessa terceira edição, sete variáveis foram atualizadas: renda domiciliar; renda per capita; PIB total; PIB per capita; número de estabelecimentos; quantidade de empregos formais e população com faixa etária entre 20 e 49 anos.
Rodrigo Martini: rodrigo@jornalahora.inf.br