O filão das pequenas empresas

Opinião

Thiago Maurique

Thiago Maurique

Jornalista

Coluna publicada no caderno Negócios em Pauta.

O filão das pequenas empresas

Por

Promovida pela Cacis, a palestra com o diretor da Dinamize, Jonatas Abbot, apresentou conceitos de marketing simples, eficientes e que podem ser utilizados por empresas de qualquer tamanho. Ele contou a história da empresa de TI que nasceu pequena, em Porto Alegre, e cresceu até se tornar um player mundial, com filiais nos Estados Unidos, Canadá, Londres e Portugal.
Para além das estratégias, Abbot criticou o avanço do mercado de coachs, das fórmulas prontas – e ineficientes – para o sucesso e das ilusões vendidas pelos empreendedores de palco. Também colocou em dúvida os “futurólogos” e suas previsões fantásticas ou fatalistas sobre as consequências da tecnologia para a sociedade.
“Já mataram o rádio, a TV, os jornais e até a própria internet, mas tudo isso continua firme, e as tecnologias apenas se somam ao que já existe”, aponta. Faz sentido. Assim como faz sentido uma das principais dicas apresentadas por ele, a de que as micro, pequenas e médias empresas representam o principal filão do mercado.
Conforme Abbot, a maior cliente da Dinamize é uma grande empresa de internet cujo contrato mensal supera os R$ 120 mil.
Pode parecer contraditório, mas ele prefere perder este contrato a abrir mão das pequenas empresas cujo tíquete médio não passa de R$ 350. O motivo é simples: a Dinamize possui 25 mil clientes, sendo 99% pequenos. Fazendo as contas, é fácil entender quem são os principais responsáveis pelo faturamento.

Horários ou metas?

Um dos paradigmas da mudança geracional que afeta as empresas é a divisão entre gestores que cobram o cumprimento irrestrito de horário no local de trabalho, e aqueles que preferem definir metas e deixar os profissionais fazerem as tarefas onde e como quiserem – desde que cumpram com os prazos.
A produtividade dos trabalhadores brasileiros é considerada uma das mais baixas do mundo. Rendemos um quarto do que um trabalhador norte-americano, mesmo com mais horas de labuta – 44 semanais, contra 38 dos Estados Unidos.
A reforma trabalhista foi elaborada, entre outras coisas, para elevar os índices de produtividade. A ideia de permitir jornadas de até 12 horas parecia uma solução fácil. Ledo engano. Ficar mais horas no ambiente de trabalho não significa mais rendimento, a menos que se tratem de tarefas simples e repetitivas, dessas que os robôs fazem muito melhor.
Há inúmeros outros fatores que implicam na baixa produtividade do brasileiro. Os principais são a infraestrutura precária e uma burocracia que implica em perda de tempo para cumprir obrigações que nada tem a ver com a produção em si. Investimentos em educação, pesquisa, desenvolvimento, tecnologia e logística poderiam melhorar muito os índices.
Em uma entrevista ao Negócios em Pauta, a presidente da Fruki, Aline Eggers, ilustrou bem essa discussão. Antes de entrar na empresa da família, ela trabalhava em uma grande companhia que valorizava as pessoas que ficavam além da carga horária regular, mesmo que não apresentassem resultados efetivos. Uma métrica de exaltação à ineficiência.
A gestão moderna, adotada pela Fruki, aposta em metas. A estratégia é definir o objetivo e a data de entrega, deixando o trabalhador livre para desenvolver a tarefa. Mede-se o desempenho com base nas coisas concluídas, não no tempo empenhado.
Quando esse modelo está incrustado na cultura da empresa, melhoram os resultados e os índices de satisfação dos profissionais. Quanto mais satisfeito estiver um trabalhador, maior será sua produtividade, algo que o empresariado nacional costuma ignorar. Infelizmente, a medida utilizada é quase sempre baseada no tempo em que as pessoas ficam no trabalho.
Mesmo sem fazer nada.
Boa Leitura!

Comunicação em debate

Em seminário promovido pela Associação de Diários do Interior (ADI), o especialista em Marketing Digital, Cássio Piccinini alertou sobre os equívocos cometidos pelos jornais do interior ao tentar competir com os grandes conglomerados de mídia pela atenção dos leitores no ambiente virtual.
O hiperlocalismo, a especialização em nichos e a conexão com as comunidades são, na opinião do palestrante, as melhores estratégias. A fala de Piccinini causou desconforto em parte dos gestores presentes. Acostumados a utilizar o mesmo modelo há décadas, e com sucesso, é natural que resistam às mudanças. Mas é um caminho sem volta.
Cassio ADI
Praticamente todos os segmentos estão em transformação e, por consequência, todas as empresas precisam inovar se intencionam sobreviver. Diante da imposição de quebrar paradigmas, faz bem a ADI em trazer o debate para dentro de um setor de tamanha relevância.

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