Câmara instaura CPI para investigar servidor

Lajeado

Câmara instaura CPI para investigar servidor

Carlos Kayser adulterou multas de trânsito em 2018. Composição do grupo deve ser definida em dois dias

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Câmara instaura CPI para investigar servidor
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Está confirmada a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a conduta do ex-coordenador do Departamento de Trânsito, Carlos Kayser. Ele adulterou três autos de infração de trânsito para garantir a responsabilização dos condutores multados pelos agentes do Executivo, em 2018.
O requerimento já conta com o dobro do necessário de assinaturas e a composição do grupo deve ser definida nos próximos dois dias. Segundo a presidente do legislativo, Neca Dalmoro (PDT), a comissão terá três vereadores. Como critério, deve ser utilizada a representatividade das bancadas.
A CPI dominou as discussões durante a sessão de ontem. Sérgio Kniphoff (PT), que trouxe a denúncia contra Kayser à tona, em junho, lembrou que o próprio servidor admitiu a adulteração das multas. “A abertura da CPI só se embasou quando ele assumiu publicamente o crime”, comentou.
Da base aliada, Mariela Portz (PSDB) disse não ter recebido o ofício antes, mas também defendeu a abertura da CPI. “Não vejo nenhum problema em assinar. Quanto mais transparência, melhor”, defendeu.

Desrespeito

Já o vereador Waldir Gisch (PP), também da base aliada, discorda da criação da comissão e não assinou o documento, pois disse que já existe uma investigação em andamento contra o servidor. “Acredito que isso desmerece e desrespeita o trabalho do Judiciário”, justifica.
Outro que se posicionou contra a CPI foi Ildo Salvi (Rede), também mencionando que o caso está com no Judiciário. “Espero que, quem seja eleito para a comissão, faça um bom trabalho”, salientou. Lembrou que, em 2015, apoiou a abertura de uma CPI que acabou não avançando.
2019_08_21_Mateus Souza_Waldir Gisch
O Ministério Público denunciou o servidor no ano passado. A denúncia foi assinada pelo promotor de justiça Ederson Luciano Maia Vieira em novembro de 2018, e segue sob a análise da 1ª Vara Criminal de Lajeado. Kayser – que é suplente de vereador – admitiu o fato ao promotor de Justiça e garante que “não houve má intenção”.

Governo aguarda decisão judicial

O prefeito Marcelo Caumo recebeu com naturalidade a instalação da CPI para investigar Kayser. Inclusive, sugeriu que vereadores da base aliada assinassem junto o requerimento para abertura da comissão, mas teme uma possível condução política do caso.
“Tomara que seja feito um processo correto e que não seja utilizado para atrasar projetos e outros trabalhos importantes”, pontua. Caumo também diz que, por ser servidor público concursado, Kayser continuará na sua função. “Vamos aguardar a decisão judicial”.
O caso das multas adulteradas teve análise interna. No ano passado, o governo abriu uma sindicância para avaliar a conduta de Kayser. Entretanto, a investigação foi arquivada em outubro.
Figura importante dos Progressistas na cidade, Kayser seguiu prestigiado junto ao governo. Tanto que, logo depois de deixar o Departamento de Trânsito, foi remanejado para a coordenação do Departamento da Agricultura. Ele ocupa a função até hoje, como FG.

CPIs em Lajeado

Faz 11 anos da última vez que uma CPI foi instalada na câmara de Lajeado. Supostos crimes praticados contra a administração pública em 2005 foram investigados por uma CPI em 2008, no final do primeiro mandato de Carmem Regina (PP).
Na ocasião, teriam sido furtados 42 pneus do parque de máquinas. Entre os 12 réus arrolados ao processo, oito eram servidores públicos, indiciados por peculato e formação de quadrilha. Eles foram absolvidos.
Já em 2015, no governo Luis Fernando Schmidt (PT), vereadores se mobilizaram para a abertura de uma CPI. Os alvos eram os contratos e licitações dos serviços de limpeza urbana. Entretanto, uma semana depois do pedido ser protocolado, dois parlamentares decidiram retirar as assinaturas do documento, evitando a abertura da comissão.
 

MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br

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