A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela câmara de vereadores para verificar supostas irregularidades e inconsistências na emissão dos autos de infração de trânsito no município começou a trabalhar efetivamente ontem. A reunião, a portas fechadas, definiu também as primeiras ações do grupo.
Denominada “CPI das Multas”, a comissão teve como primeira medida o encaminhamento de ofícios ao Ministério Público e ao governo municipal. A CPI solicitou cópias do processo aberto no ano passado contra o servidor público Carlos Kayser, e o documento de arquivamento da sindicância interna que apurou a conduta do então coordenador do Departamento de Trânsito.
Escolhido como presidente da CPI, Paulo Tori (PPL) diz que a próxima reunião deve ocorrer já na semana que vem, com os documentos solicitados em mãos. “A partir daí, vamos analisar e intimar as pessoas que precisam ser ouvidas. Será tudo feito em etapas para ver até onde podemos chegar”, sintetiza. Embora não esteja definido, Kayser provavelmente será o primeiro convocado a depor.
Para o vereador, o principal objetivo é esclarecer os fatos com transparência para a população. “Vamos fazer o nosso papel, que é fiscalizar. Quem não deve, não teme. Pode ser que tenham mais coisas que possam vir à tona”, comenta.
Além de Tori, a CPI terá Waldir Blau (MDB) como relator, e Mozart Lopes (PP), de secretário. O emedebista foi indicado pelo líder de bancada do partido, Éder Spohr. Os demais indicaram a si mesmo.
Processo longo
Conforme o regimento interno da Câmara, a CPI terá 120 dias para concluir os trabalhos, a contar do dia 20 de agosto. Tori lembra que os trabalhos podem ser prorrogados caso haja a necessidade. “Se tiver muita demanda, com certeza vamos pedir mais tempo”, cita.
A última CPI instaurada e que trabalhou efetivamente na câmara foi há 11 anos, investigando o furto de pneus no parque de máquinas do município. Blau presidiu a comissão e lembra que o processo foi longo e desgastante. “Visitamos cidades como Teutônia e Cruz Alta. Foi um trabalho que envolveu muita gente. E foi em ano de eleição”, recorda.
Inquérito e entrevista motivaram CPI
O caso da adulteração de multas de trânsito teria ocorrido em março do ano passado, quando Carlos Kayser coordenava o Departamento de Trânsito. O Ministério Público denunciou o servidor no mesmo ano e seguiu para análise da 1ª Vara Criminal de Lajeado. No mesmo ano, o governo abriu uma sindicância interna, que acabou arquivada em outubro.
Em julho deste ano, o caso voltou à tona após reportagem do A Hora, onde Kayser disse ter agido com o intuito de homologar as multas que, segundo ele, de fato aconteceram. Também alega que não houve má intenção. As infrações ocorreram em 14 de março e o servidor teria mudado para 18 de março.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br