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Opinião

Sérgio Sant'Anna

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Atualizado quarta-feira,
12 de Setembro de 2019 às 10:15

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O barulho do relógio já não influencia mais ninguém, relógio virou acessório de estilo. As novas gerações não curtem nem os digitais, a não ser que sejam conectados e ofereçam widgets irados. O horário está no celular, na nuvem em que você organiza sua agenda e na assistente virtual. Trabalhar por projeto, home office ou se inspirar na meritocracia das grandes corporações são vias distintas de formatos que buscam reinventar o trabalho, que segue sendo reinventado, na mesma proporção que desaparecem ou surgem profissões.
Regulamentação é um exercício contínuo, necessário e extenuante. O que dizer de um garoto de cinco anos que possui um canal no Youtube com mais de cinco milhões de seguidores? A partir de que momento sua atuação será encarada como uma atividade profissional?
Semana passada, legisladores da Califórnia (EUA) aprovaram projeto de lei que visa proteger os trabalhadores considerados independentes, como os motoristas da Uber e da Lyft, que empregam, juntas, cerca de 220 mil motoristas só naquele estado. Segundo a revista Wired, se o projeto passar, os contratados serão elegíveis para seguro desemprego, licença familiar, horas-extras e tudo mais. Conforme estimativas, a Uber precisaria gastar em torno de US$ 500 milhões para cumprir a nova lei.
Ainda na década de 1990, o futurista Alvin Toffler criou o conceito de “prosumidor”, uma junção de produtor com consumidor. Toffler considerava que a produção em massa daria lugar à customização em massa – e, para realizá-la, o consumidor participaria do processo de fabricação. O prosumidor seria alguém que faz coisas que antes eram feitas para ele. O trabalho dos agentes de viagem, por exemplo, que hoje realizamos nas pesquisas online; a montagem do móvel que você leva para casa e monta; operações bancárias pela internet ou no caixa eletrônico – coisas que representavam um custo para as empresas e agora estão a cargo do consumidor – e até mesmo a geração de conteúdo e o compartilhamento de informações, tarefas, até então, de responsabilidade exclusiva dos meios de comunicação. Ou seja, a participação efetiva do indivíduo na construção do mundo, das empresas e do mercado, não é mero exercício linguístico. Compõe um modelo em que as partes terão que se reconhecer como integrantes de uma única engrenagem capaz de proporcionar bens a todos.
No último final de semana, Santa Clara do Sul deu mais um passo nesse sentido. Com a comunidade engajada, a já tradicional Santa Flor foi transformada na Feira das Flores e da Agroecologia, assumindo uma pegada verde ainda incipiente na região, mas com enorme potencial, não apenas de mercado, mas também de renovação de mentalidade e transformação cultural e econômica. O sucesso da feira deu mostras de que inovação e qualidade continuam agregando valor superior às ideias e encantando públicos de todas as idades. Um belo exemplo para quem acredita que pessoas devem ser a base e o objetivo de tudo, das empresas, dos produtos, da vida num mundo sustentado. Se horários e formas de trabalho já não seguem os ponteiros de antigamente, quem sabe o relógio biológico de cada um pode dar sinais da mudança que precisamos seguir.

Sérgio escreve sempre no quarto fim de semana do mês. Fale com ele: santanna.sergio@hotmail.com ou WhatsApp 99145 5005.

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