Fumaça da Austrália chega ao RS

incêndios florestais

Fumaça da Austrália chega ao RS

Lajeadenses contam drama vivido na Oceania. Cinzas do fenômeno atravessaram o Oceano Pacífico e chegaram ao Brasil nessa madrugada

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Fumaça da Austrália chega ao RS

Os efeitos dos incêndios florestais que atingem a Austrália desde setembro de 2019 começam a aparecer no Rio Grande do Sul. Mesmo a cerca de 13 mil quilômetros de distância, a fumaça chegou à Fronteira Oeste na manhã de terça-feira, dia 7, carregada por jatos polares vindos do Oceano Pacífico. Na segunda-feira, imagens de satélite já mostravam o avanço da fumaça sobre o Chile e a Argentina.

Os incêndios florestais já atingiram 6,3 milhões de hectares, mataram 25 pessoas e 450 milhões de animais em toda a Austrália. A vegetação seca combinada com altas temperaturas torna diversas partes do país suscetíveis a focos de incêndios. O tempo seco e o vento forte também colaborou para espalhar as chamas pelo território australiano.

O estado de Nova Gales do Sul, o mais populoso da Austrália, é o mais afetado pelos incêndios. Os bombeiros confirmam a destruição de cerca de 60 casas no fim de semana e o número pode ser maior quando todo o território for inspecionado. Das 25 mortes, 18 são desta região. Além disso, outras duas pessoas desaparecidas.

2020_01_08_Australia4Lajeadense relata drama na Austrália

Nas proximidades da casa da lajeadense Cintia Zart, que mora em Sydney faz quatro anos, há uma reserva natural que foi atingida pelo fogo. Ele foi controlado no domingo, dia 5. Ela relata que os bombeiros locais se revesaram e levaram dois dias para apagar os focos.

Em Sydney, a chuva chegou no domingo e amenizou os focos de incêndio na região. “Outras regiões do país ainda seguem com o drama”, esclarece.

Conforme Cintia, os incêndios alteram a rotina da comunidade. “Em determinados lugares as pessoas estão sem eletricidade e sem telefone”, conta.

A região onde Cintia mora também passou por momentos de tensão. A população já organizou diversos protestos contra o governo nacional. “As pessoas acreditam quem o poder Executivo não fez o suficiente quando o desastre começou”, explica.

“Paredão de fumaça” na Nova Zelândia

Natural de Lajeado, Murilo Horn, 21, mora faz um mês e meio em Mount Maunganui, na Nova Zelândia. Mesmo cerca de 2 mil quilômetros distante da Austrália, vê resquícios dos incêndios em sua cidade. “Quando me dirigia pro trabalho pude ver um paredão de fumaça cobrindo o horizonte. O céu está esfumaçado, e no fim de tarde fica com uma cor laranja já faz alguns dias”, comenta.

08_A_HORAEntrevista

Carine Malagolini Gama • Meteorologista da Somar explica que os ventos, chamados de jatos polares, transportaram a fumaça de oeste a leste e, por isso, ela chegou ao RS.

“É possível que o fenômeno ocorra novamente”

•Como a fumaça chegou aqui?

Em níveis mais altos da atmosfera, temos as chamadas ondas planetárias. São fortes correntes de jato que tem transporte de oeste para leste. E esses ventos, que chamamos de jato polar, carregam componentes de nebulosidade, conseguindo atravessar o Oceano Pacífico até chegar a América do Sul. Antes, passou por áreas do Chile e Argentina. E, em virtude desse escoamento, a fumaça conseguiu subir até áreas centrais do RS.

• Essa fumaça traz algum risco para a saúde humana?

Combinada com a baixa umidade relativa do ar do RS, ela pode favorecer com que pessoas com sistema imunológico fraco, podem ter algum problema com espirros ou na garganta. Mas não é nada muito significativo para a saúde humana, pois a quantidade da fumaça que chegou no estado não é muito elevada.

• Por que apenas o RS foi atingido no Brasil?

No verão as ondas são deslocadas mais para baixo, ficando mais perto da Antártida. Por isso, a fumaça fica mais concentrada nas áreas ao Sul. Se fosse no inverno, que elas são deslocadas um pouco mais para cima, áreas do Paraná também poderiam ser atingidas.

LAURA MALLMANN – laura@jornalahora.inf.br

MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br

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