Mais uma vez, a falta de diversidade

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Mais uma vez, a falta de diversidade

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A atriz afro-americana Issa Rae e o ator sul-coreano John Cho foram os escolhidos para divulgar os indicados ao Oscar 2020 na manhã da última segunda-feira, 13. Porém, apesar da diversidade na escolha dos apresentadores, isso não se refletiu na lista de indicados ao maior prêmio do cinema e, mais uma vez, o Oscar passou longe de reconhecer a diversidade de talentos na sétima arte.

Não é de hoje que o prêmio é atacado pela parcialidade e falta de pluralidade. Em 2016 internautas criaram a #OscarSoWhite, quando nenhuma atriz ou ator negro ou latino ficou entre os 20 indicados nas quatro categorias de atuação. Nestas categorias, em 2020, apenas a atriz Cynthia Erivo é negra. Outras atrizes não brancas que venceram prêmios da crítica recente e que eram cotadas por suas excelentes atuações ficaram de fora, como Lupita Nyong’o e Awkwafina.

Entre os indicados a outra categoria importante, a de melhor direção, tão pouco há mulheres. É o segundo ano consecutivo em que a categoria ignora as diretoras. A última indicada foi Greta Gerwig, em 2018. Neste ano, ela era cotada para a categoria por seu trabalho no filme Adoráveis Mulheres, que teve seis indicações no total. Ao anunciar os indicados na categoria, Issa Rae alfinetou: “Parabéns para todos esses homens”. O filme sul-coreano Parasita foi indicado em seis categorias, entre elas Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro. Apesar disso, a ausência do ator sul-coreano Kang-ho Song na lista de indicados também foi criticada.

Trago todas estas informações para refletirmos sobre a importância da diversidade. Um dado relevante antes de iniciarmos: entre os responsáveis pelas indicações ao Oscar, 84% são brancos. Então como esperar pluralidade quando o poder de escolha é ocupado pela singularidade? Podemos usar essa máxima não só na arte, mas na sociedade como um todo.

A arte pode revelar muito sobre o momento que uma sociedade vive e sua relação com o mundo, uma vez que é a expressão e manifestação do ser humano em relação à vida. A arte não tem só o papel de entreter, mas também de representar. O que vemos no cinema, por exemplo, se reflete na auto imagem do público. Um estudo realizado por pesquisadoras de duas universidades americanas em 2011, que entrevistou 396 jovens, concluiu que enquanto “meninos brancos viam sua autoestima aumentar após serem expostos a programas televisivos, crianças negras de ambos os sexos e meninas brancas passavam a ter uma imagem mais negativa sobre si após horas em frente à tela”.

As pessoas precisam se enxergar nas histórias que assistem, e para isso é necessário acompanhar as diferentes realidades de diferentes pessoas. A falta de diversidade reforça preconceitos e estereótipos. Nas palavras da indicada Cynthia Erivo, “depende das pessoas que estão acostumadas a fazer as coisas de uma certa maneira mudar suas ideias, sua forma de pensar, e ter certeza de que o ambiente reflita o mundo em que vivemos. Assim nos inclinamos um pouco mais para a diversidade”.

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