Solta estes cachos, mulher!

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Solta estes cachos, mulher!

Por

Neste mesmo espaço, na semana passada, conversávamos sobre a importância da diversidade, de se sentir representado e de como isso impacta na forma como nos enxergamos. A pesquisa americana citada na ocasião exemplifica bem: crianças negras de ambos os sexos e meninas brancas passam a ter uma imagem mais negativa sobre si após horas em frente à tela. Esse dado é importante para falarmos do assunto de hoje: transição capilar.

A matéria principal da edição deste fim de semana do caderno Você aborda o tema por meio da experiência de duas mulheres sensacionais: a Letícia e a Loise. A Leti conheço faz um tempo, e mesmo há algumas semanas conversávamos sobre autoestima e a transição dos cabelos alisados para os cachos naturais. A história da Louise eu descobri esta semana. Ambas passaram pelo mesmo processo, cada uma à sua maneira. O que elas têm em comum, além da bela cabeleira crespa? Uma história de reconexão com a sua beleza natural e um resgate não só da autoestima, mas da sua identidade.

Eu queria falar sobre transição capilar há um bom tempo, não só porque o processo é uma tendência e contextualizá-lo pode incentivar outras mulheres a ignorar padrões de beleza pré-estabelecidos, mas também para podermos falar sobre reaprender a se amar. Porque ninguém nasceu não gostando de si mesma.

Crescemos em um mundo que a todo momento nos ensina que somos erradas. Ou somos baixas demais, ou altas demais. Ou somos gordas demais, ou magras demais. A lista da pressão estética é infinita. Atire a primeira pedra a mulher que nunca se sentiu insatisfeita com aquilo que viu no espelho. Em uma sociedade colonizada por nações europeias, os fios lisos e extremamente alinhados – além de vários outros aspectos estéticos – ditam um padrão de belo que é irreal para a maioria.

Mas nós dissemos chega! E aqui a importância da representatividade falada na última semana se conecta com o assunto da reportagem desde fim de semana. Este cenário onde só existe uma forma de ser bela passa por uma reviravolta extraordinária. Através das telinhas touch nas nossas mãos, movimentos reivindicam a importância da pluralidade do que é considerado belo, o que acaba, aos poucos, se refletindo nas grandes telas e nas páginas que lemos todos os dias.

É através da diversidade que encontramos a representatividade. Nos sentindo representadas, nos reconhecemos como o que somos: fortes, capazes, e belas. Todas nós, cada uma a sua maneira. Essa revolução não é só capilar, é um ato político e de amor próprio.

Acompanhe
nossas
redes sociais