Criada no ano passado por investidores lesados pela Unick Forex, a Associação em Defesa dos Direitos dos Investidores da Unick Forex entrou com um mandado de segurança no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) para ingressar no processo movido pela Justiça como assistente de acusação.
Esta foi a estratégia jurídica adotada pela entidade, que conta com 250 associados, oriundos de todo o país e também no exterior, mas com maior concentração no Rio Grande do Sul. São pessoas que investiram valores em criptomoedas e foram lesadas pela empresa. Estima-se que a dívida total seja de R$ 28 bilhões.
O objetivo da associação é a busca pela condenação dos sócios da Unick pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e também por crimes contra a economia popular, conhecida como pirâmide financeira.
A entidade lembra que precedentes legais ocorreram com a Petrobras na Operação Lava Jato e pela Associação dos Familiares da Boate Kiss, que participaram de ações judiciais como assistente de acusação.
Conforme o advogado da associação, Demétrius Barreto Teixeira, a 7ª Vara Federal Criminal indeferiu o pedido de habilitação ao processo. “Por isso, vamos entrar com mandado de segurança, solicitando que seja reformada a decisão. É direito nosso estarmos presentes como assistente de acusação. Eles são vítimas diretas dos atos praticados pela Unick”, afirma.
Pirâmide financeira
No mandado de segurança, a Associação também pede que os sócios da Unick sejam acusados pelo crime de pirâmide financeira, o que não foi considerado na denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
“Eles entenderam que a vítima é o sistema financeiro nacional. Também é. Mas se uma pessoa colocou dinheiro ali, com objetivo de obter algum lucro, também são vítimas. E também incluímos o crime de pirâmide financeira no mandado, o que é garantido pela súmula 122 do STJ”, afirma o advogado.
“Alguns ainda estão com esperança”
Morador do bairro Canabarro, em Teutônia, o aposentado Marco Aurélio Dorneles da Silva, 59, teve prejuízo de R$ 15 mil após investir na Unick. Ele ingressou em 26 de fevereiro, após indicação de um vizinho e, até meados de julho, estava obtendo lucro.
“Em uma época, funcionou. E teve gente da cidade que ganhou muito dinheiro. Mas chegou num momento onde as pessoas não viram o cheiro das moedas. Fomos iludidos, enganados e roubados. É uma lavagem cerebral”, comenta Silva, que não acredita na possibilidade da empresa reaver os valores.
“Eles falam que vão pagar e alguns ainda estão com esperança. Mas quem vai acreditar nisso? É bem ilusório”, lamenta.
740 mil
O número de clientes lesados pela Unick em todo o pais;
R$ 28 bilhões
Estimativa da dívida da empresa com seus clientes;
250 pessoas
Fazem parte da associação, criada no ano passado. A maior parte está concentrada no RS.