Menos de um mês para confirmar o voto em outubro

Hora de fazer a Biometria

Menos de um mês para confirmar o voto em outubro

Lajeado é uma das 22 cidades gaúchas que atualiza dados dos eleitores. Prazo encerra no dia 11 de março. Cartório Eleitoral estima que 19 mil eleitores entre os mais de 60 mil do município ainda não confirmaram dados pessoais

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Menos de um mês para confirmar o voto em outubro
Cartório de Lajeado registra movimento intenso. Desde segunda-feira, número de atendimentos saltou para quase 200 pessoas por dia
Lajeado

Natural de São Luiz Gonzaga e morando em Lajeado faz pouco mais de um ano, Laura Camila dos Santos, 18. Nessa sexta-feira fez o seu primeiro título de eleitor. “Cheguei por volta das 10h e fui atendida depois das 11h20min.”

A semana tem sido assim no cartório eleitoral de Lajeado, de filas e espera. Associado a isso, integrantes de partidos políticos nas ruas com a missão de conscientizar eleitores sobre a importância de fazer o recadastramento. E o motivo é muito simples: o prazo de atualização dos títulos de eleitor encerra em 11 de março.

Membros do PSDB fizeram esse alerta e usaram as redes sociais para disseminar a ação. Vvereadores como Sérgio Kniphoff (PT) e Djalmo da Rosa (MDB) reforçaram a preocupação com o risco de exclusão de muitos na eleição durante pronunciamento no Legislativo.

A justificativa está nos números. Dos mais de 60 mil eleitores, faltam em torno de 19 mil comparecerem no cartório. Quase um terço dos votantes ainda não regularizou a situação. Isso signfica que correm o risco de ter o título suspenso e não poder votar nas eleições municipais de outubro.

A atualização dos dados feita tem duas etapas. Primeiro verificar a identidade e residência dos votantes para comprovar vínculo com o município e depois repassar dados biométricos para o sistema da Justiça eleitoral.
Conforme o chefe interino do cartório de Lajeado, Júlio Cesar Cirolini, na semana passada a média de atendimentos diários era de 120 pessoas. Desde essa segunda, o movimento aumentou e os servidores passaram a fazer o cadastro de até 200 eleitores por dia.

As filas começam já na abertura do cartório, diz Cirolini, e seguem durante todo o período de atendimento, das 11h às 18h. Na região, as demais cidades já passaram pela revisão biométrica. Dos 276,4 mil eleitores, 261,1 estão em dia com a Justiça Eleitoral. O índice está acima da média nacional e estadual, com 94,1% dos eleitores com biometria.

Após o prazo para a atualização, aqueles que não procuraram o cartório terão o título suspenso. Para regularizar a situação e evitar o cancelamento do direito de votar, terão de ir ao cartório até o dia 6 de maio.
Em caso de cancelamento do título, o cidadão não poderá solicitar empréstimos bancários, se inscrever em concurso ou assumir alguma função em repartições públicas.

Documentos necessários

• Documento oficial de identificação com foto original;

• Comprovante de residência;

• CNH não é válida para o primeiro título.

Entrevista

“As pessoas deixam para última hora as providências para votar”

Mateus Dalmaz • Professor da Univates. Doutor em Política e Relações Internacionais

Para o especialista, a democracia nacional precisa ser fortalecida e, dentro da discussão vinculada aos conceitos liberais de tornar o voto facultativo, abre-se o risco de deslegitimar a escolha dos parlamentares e governantes.

Qual o impacto do afastamento de eleitores do pleito de outubro?
Mateus Dalmaz – Sem dúvida há reflexos. No Brasil, o comportamento do eleitorado é de mais cuidado e preocupação às vésperas da eleição. Apesar das campanhas de conscientização dos órgãos públicos e políticos, as pessoas deixam à última hora as providências para votar.

Como o recadastramento envolve a possibilidade de votar, é previsível uma diminuição no número de votantes. Não muito signficativa em comparação ao número total de eleitores.

O que o desinteresse dos eleitores representa à democracia?
Dalmaz – Isso fragiliza o processo, pelo fato de a democracia pressupor que o cidadão está por dentro dos temas da sociedade, de quem são os agentes políticos e seus partidos. Mas essa não é uma exclusividade brasileira. Podemos estender para toda a América Latina. Percebemos que a política não está no cotidiano dessas populações.

Mesmo no hemisfério norte, onde estão os países desenvolvidos, também há um comportamento de eleitores distantes da política. Em países onde o voto não é obrigatório, percebe-se uma participação de metade dos aptos a votar.

Qual o motivo desse afastamento de muitos cidadãos?
Dalmaz – A política envolve conhecimento sobre economia, gestão pública e relações internacionais. Temas trabalhados pelas Ciências Humanas. No nosso país, há uma tradição de reduzir a carga horária dessas disciplinas e dar mais destaque para as Exatas. A falta de interesse dos eleitores tem mais haver com a tradição do poder público de não valorizar o estudo de temas envolvendo questões políticas, sociais e econômicas. A maioria das pessoas não tem memória sobre a história do país. Fica flagrante que o marketing político é o principal mecanismo para captar votos.

O voto deve permanecer obrigatório?
Dalmaz – O argumento de quem defende manter como está é devido ao tamanho do país. Em que muitos eleitores enfrentam dificuldades de acesso às zonas eleitorais e jamais participariam do processo.
No outro lado, tornar o voto facultativo mostraria maturidade democrática, em que o indivíduo decide por si mesmo se participa ou não. É um princípio liberal presente no regime ocidental.

Como a democracia nacional ainda parece frágil, tirar a obrigação do eleitor em votar poderia deslegitimar alguma vitória dos candidatos. Poderia impedir a posse ou mesmo a continuidade de algum governo.

 

 

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